quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Certezas

Minhas certezas acabaram.
Tudo o que achava antes já não acho mais.
Tanto trabalho e poucas realizações efetivas.
Sem mudanças.
Apenas exaustão.

Minhas prioridades estão mudando de numeral.
Já não sei mais o que é para valer.
Estou revendo, replanejando, reelaborando...
A assembléia que existe na minha cabeça está de plantão,
fazendo hora extra.

6 comentários:

  1. Ana, sabe que eu estava assistindo e passando para meus alunos o filme que é seu e que ainda está comigo: "Narradores de Javé". Eles ficaram, e eu também acabei ficando, encantados pelo personagem Antonio Biá.
    Acharam o máximo o cara tirar maior onda com todo mundo, escrever nas paredes, beber todas e dançar sozinho bêbedo ou não. Aliás, uma das coisas que mais instigaram a todos foi o fato de Biá ser uma pessoa tão importante na história e ao mesmo tempo ter atitudes que desafiam qualquer tipo de convivência social. Revendo o filme, percebi que esse jeito amalucado de ser talvez se devesse ao fato de que Biá sabia que acontecesse o que acontecesse isso seria somente mais uma das tantas dificuldades que ele já passou, seja sendo expulso do lugar onde mora, que diga-se de passagem não seria a primeira vez, seja desagradando a todos e dormindo sozinho em casa. Parece que Biá não tem medo do que lhe vai acontecer, ou não tem a menor expectativa diante do futuro, e talvez seja justamente isso que o liberta para viver como lhe dá na telha.
    Será preciso uma perspectiva solitária para se libertar da paralisia atual?

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  2. Viver não dói

    Definitivo, como tudo o que é simples.
    Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram. Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade. Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar. Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender. Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada. Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar. Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!!! A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável.
    O sofrimento é opcional.

    Drummond

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  3. Preciso pensar sobre amiga Ana, sobre Biá, sobre anônimos e Drummond...
    As coisas estão sendo reelaboradas...
    Talvez seja a hora de dar uma guinada na vida e parar de sofrer!


    Obrigada

    Ana

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  4. Pensei muito no que escreveu e nas respostas que você teve aqui no blog. Pensei não por ou para você. Na verdade pensei também em mim. E de qualquer maneira, ainda não esqueci aquele texto que lemos que dizia: "mais do que admirar pratos quebrados diariamente, admirava a porcelana velha presa nas paredes com rebites..."

    Quebramos muitos pratos na tentativa, no querer, no experimentar. Isso é bom e comum. Incomum e estranho, aou ainda admirável no sentido de bizarro, é perceber que alguns se poupam, pregam-se aqui e ali com suas idéias e convicções por medo de quebrar, de fazer estardalhaço...

    Minha mãe guardou 25 anos os pratos que ganhou em seu casamento e só conseguiu usá-los nos últimos anos... intactos! Em menos de 4 anos quase todo o jogo se foi e agora ela anda comprando outros, diferentes...

    Penso que é bom reelaborar, tentar e errar, a apenas fazer o que é seguro. O novo e incerto nos faz crescer. E apesar de doer, quase sempre, o erro impulsiona a reflexão e a certeza de que somos incompletos. Acho isso fundamental.
    Beijos.

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  5. Dani,

    Talvez... Deixar quebrar é muito difícil também. É admitir que as coisas são efêmeras, que nada dura para sempre, que tudo é passageiro, e isto não é fácil...

    Concordo que temos que experimentar, fazer acontecer, enfrentar aqueles que não conseguem admitir que tudo pode e deve ser questionado. Mas.. isto é dolorido demais...

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  6. difícil é crer ou lembrar que a dor vai passar... ou que nós vamos passar por ela... e que a dor, assim como as coisas maravilhosas, também é efêmera. No máximo, quando já tivermos atravessado-a e recordarmos esse momento, vamos sentir uma pontadinha no coração (no meu caso no estômago). Daí o exercício é não se agarrar a ela, que nesse momento já não é mais dor. Ela muda de nome e de essência, passa a chamar-se melancolia.

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