quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

TRADUZIR-SE

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

Ferreira Gullar.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Novas possibilidades...

Uma amiga, muito amiga, muito amiga mesmo está inaugurando uma nova forma de comprar roupas para crianças...

Nada de shoppings lotados, lojas com vendedoras chatas e pegajosas e crianças irritadas...

TUDO pela internet.

Experimentem, divulguem....

Aí vai o link:


quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Certezas

Minhas certezas acabaram.
Tudo o que achava antes já não acho mais.
Tanto trabalho e poucas realizações efetivas.
Sem mudanças.
Apenas exaustão.

Minhas prioridades estão mudando de numeral.
Já não sei mais o que é para valer.
Estou revendo, replanejando, reelaborando...
A assembléia que existe na minha cabeça está de plantão,
fazendo hora extra.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Final de Semestre

Minha vida não é dividida em dias,
Nem em meses,
O que dirá anos....

Minha vida é dividida em semestres.
Em um semestre tudo começa e termina.
Em um semestre tudo pode acontecer.

Final de semestre,
Não tenho tempo nem para respirar... o que dirá escrever.
Todos já estão tão.... tão.... mas tão..... que a comunicação da lugar a brigação....
Brigação sim, não consigo achar outra palavra.
Ninguém mais ouve.
Só a palavras jogadas no ar.

CHEGA LOGO DEZEMBRO..... PRECISO DE FÉRIAS.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

ELEIÇÕES 2010

INDIGNAÇÃO.
TRISTEZA.
INDIGNAÇÃO.
TRISTEZA.

ATÉ QUANDO TEREMOS ELEIÇÕES ATÉ ÀS 22 HORAS PORQUE OS ANALFABETOS NÃO CONSEGUEM VOTAR?

ATÉ QUANDO ELEGEREMOS UM GOVERNO (NO PRIMEIRO TURNO) QUE PRODUZ ANALFABETOS E PRIVATIZA O QUE TEMOS DE MAIS SAGRADO: A VIDA E A MORTE, O SABER, A LUZ QUE NOS ILUMINA, A ÁGUA QUE BEBEMOS?

ATÉ QUANDO DISCURSOS TERRORISTAS DE TEMAS POLÊMICOS, POUCO DEBATIDOS, ESCONDIDOS EMBAIXO DO TAPETE, NAS RODINHAS DAS ESQUINAS ESCURAS, DENTRO DA CASA DE FAMÍLIAS ABASTADAS OU EM QUARTOS IMUNDOS DE ABORTEIRAS, FARÃO PARTE DO SÉRIO DEBATE POLÍTICO SOBRE O FUTURO DO NOSSO PAÍS?

TRISTEZA.
INDIGNAÇÃO.
TRISTEZA.
INDIGNAÇÃO.
UMA MISTURA DE SENTIMENTOS.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Testo Filme: Depois da Vida

É simples como parece ser: o calor, a brisa, o cheiro do mar e sua mão na minha. Do mar não, daquela praia que apesar da grande circulação (depois do asfalto) insistimos em tomar como nossa - usucapião. Você tinha razão: estas coisas a gente só sente enquanto esá vivo. Lá, e somente lá, me sinto livre. Só há a vigilância dos teus olhos, que me vêem como a mais formosa, vistosa e doce mulher do planeta. E é assim que me sinto: a mais. É incrível como depois de tanto tempo ainda conseguimos nos olhar e nos ver por completo. E é assim que me sinto com você: completa. É esta sensação de completude que você me traz que quero levar para onde for.

Novembro/2006.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Trajetória

Um dia você conhece uma pessoa
(No ônibus
Na escola
Em uma festa
Na casa de amigos
Na sua casa)
E não sabe por quanto tempo ela ficará na sua vida
E não sabe como marcará seu caminho
Ou que marcas você deixará.

De repente você conhece alguém
E este alguém acompanhará sua trajetória
Ou você achou que acompanharia.
Mas, por um motivo ou outro
Este alguém deixa de fazer parte da sua história:
Porque seus caminhos não convergem mais
Porque vocês deixaram de sonhar o mesmo sonho
Porque vocês não caminham para o mesmo destino.

Quantas foram estas pessoas?
Alguém ficará?

De repente você acha que não se conhece mais
Não conhece quem faz parte de você
Não sabe quem está aparte
Não sabe mais o que é amigo
E quem estará marcando presença em um dia especial de sua vida.

De repente você quer refazer aquele caminho
Para perceber onde vocês se perderam
Mas já não é mais possível
O caminho não tem volta.

Para o Ewerton
Um destes amigos perdidos.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Queridos Alunos

Meus alunos do 8º ano prepararam uma festa surpresa de aniversário para mim e para a professora de educação física.

A organização escolar, no entanto, não permite que sejam feitas festas para professores, já que isto gera problemas no coletivo.

Não acredito que isto tenha sido uma retaliação a mim. Acho, na verdade, que a gestão da escola me protegeu de um constrangimento com os outros professores.

Os alunos não entenderam assim. Ficaram chateados e constrangidos.

Para acalmá-los escrevi uma carta sobre o meu relacionamento com eles. Segue a carta:

Queridos Alunos

Já contei para vocês que eu trabalhei em um hospital?

Esta experiência fez toda a diferença. Me fez valorizar as pequenas coisas da vida, já que ela é muito frágil e curta. Vi pacientes com dificuldades básicas: não conseguiam fazer xixi, coco, comer. Conheci um paciente que há dez anos só comia macarrão.

Comecei a refletir se é preciso estar doente para aproveitar a vida, ficar com quem se ama. Hoje acredito que não.

Quando sai do hospital, por vontade própria, não tinha mais prazer no trabalho. Tudo o que eu fazia não tinha mais sentido. Meu trabalho já não interferia mais na vida das pessoas.

Quando minha filha nasceu comecei a acompanhar o seu desenvolvimento e compreender o seu crescimento. Passei a olhar de maneira diferente para os alunos e valorizar mais o que eu fazia.

Vocês vieram nesta fase, e com vocês aprendi a dar o melhor de mim. Não tenho a ilusão de que sou fundamental na vida de vocês, não sou. Mas sei que um pouquinho do que a gente viveu junto vai permanecer para vocês e para mim, independente do que acontecer, independente de onde estivermos no futuro.

É muito bom saber que este carinho, respeito e amor que sinto por vocês é correspondido.

Desculpe se a dinâmica da escola às vezes não permite que comemoremos mais as nossas afinidades. A escola é assim, precisa de regras e organização.

Não vai faltar oportunidades para compartilharmos momentos de prazer. A aprendizagem, afinal de contas, é um desse momentos.

Estaremos sempre juntos.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Valores

Data: 31 de agosto de 2010
Local: Shopping Santana
Horário: aproximadamente 19 horas.
Personagens: Ana, Júlia, Lívia e Raul.
Objetivos: Aproveitar um minutinho de folga com os filhos na brinquedoteca.

Cena 01 - Chegada: filhos conversam, filhos cantam, filhos correm...

Cena 02 - Brinquedoteca: Mãe bate boca com a recepcionista porque quer deixar a filha de 02 anos desacompanhada no local.

Cena 03 - Entrada na brinquedoteca: pedimos para entrar junto com as crianças. Recepcionista estranha: "vocês não vão fazer compras?".

Cena 04 - Brincando com as crianças: É tanto brinquedo que não sabemos por onde começar. As crianças também ficam perdidas. Crianças precisam de tantos brinquedos?

Cena 05 - Observando as outras crianças: Algumas sentadas em frente a televisão. Outras brincando solitariamente.

Cena 06 - Olhando para o relógio: esqueci o celular no carro. Vamos consultar o relógio do computador. Precisamos correr, fazem 28 minutos que estamos no local.

Cena 07 - Pagamento: Entrego a ficha. A recepcionista confere: 2 crianças, 30 minutos, R$30,00.

Cena 08 - Loja de brinquedos: As crianças pedem para ir na loja de brinquedos. Nós entramos e começamos a conferir os preços (e não o valor): bonecos para meninos R$400,00, boneca que faz caquinha R$300,00, pacote de fraldas para a boneca que faz caquinha: R$30,00...

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Pensamentos - Vocação

A quem interessa fazer com que o professor trabalhe como um camelo, sem água ou comida no estômago, fazendo-o acreditar que pode mudar o mundo?

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Rotina

Sexta-feira.
Primeira aula na 8ºB (sala de pensadores animados).
Correção do caderno: tarefa sobre a descolonização dos países africanos.
Metade da sala não fez.

Professora:
- Vamos fazer uma rápida pesquisa, tudo bem?
Alunos animados:
- Tudo.
Professora:
- Quem está assistindo o horário político.
Alguns levantam a mão e começam a comentar sobre a campanha do Tiririca.
Tiririca:
- Vocês sabem para que serve um deputado federal? Nem eu. Mas votem em mim que eu te conto...
Professora:
- Vocês já ouviram alguém falar: eu não vou mais investir em educação. Educação não serve para nada. Vamos investir os nossos impostos em algo mais útil.
Os alunos se questionam se esta frase é verdadeira ou é apenas mais uma manobra da professora.
A professora continua:
- Alguém da família de você já disse: para de estudar meu filho, isto não serve para nada, vai procurar algo mais útil para fazer.
Os alunos emudecem.
A professora torturadora continua a sua investigação:
- Quem aqui quer ter filhos?
Para a surpresa da professora a maioria levanta a mão.
A professora questiona:
- Vocês irão matricular os filhos de vocês na escola.
Todos levantam a mão.
Professora:
- Por quê? Vocês querem torturar as criancinhas? A escola não tem nenhum significado para vocês.... blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá , blá, blá (os blá, blá blás tem um ritmo).
Os alunos abaixam a cabeça.
Começa a correção.
Os alunos sabem como foi a independência dos países africanos e se interessam pelo assunto.
A professora conta a história do amigo que foi para a África do Sul.
Acaba a aula.
Mais uma de blá, blá, blás...

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Narradores de Javé

Nunca estive em outro país, mas através do que li, assisti e ouvi falar acredito que este espírito de companheirismo, aceitação, este fazer caminhar a vida junto, só exista no Brasil.

Não em São Paulo, porque São Paulo é outro país. Mas neste Brasil das pequenas cidades, das vilas que podem alagar a qualquer momento, dos vilarejos onde todos se conhecem, das histórias que são passadas de geração-em-geração.

Neste Brasil as pessoas se aceitam, mesmo sem se gostar, valorizam a história do outro, mesmo que tenha de reescrevê-la. Conhecem a sua origem, ninguém pode se esconder (o que pode ser bom ou ruim, dependendo do ponto de vista).

Eu não, já aceitei a minha paulistaniedade. Não sou deste país. Sou metropolitana: não conheço os meus vizinhos, não sei como chama o dono da padaria, não tenho idéia do nome da menina da locadora (que me atende toda semana)e às vezes esqueço o nome dos meus próprios alunos. A única característica do meu pertecimento a este povo que me resta é o inconformismo com a dor alheia: não consigo parar de pensar um momento nos carvoeiros do Chile que passarão mais 4 meses enterrados vivos.

Talvez ainda me reste alguma esperança!

domingo, 22 de agosto de 2010

Cotidiano

Temos uma história.
E não é uma história qualquer.
É uma história de amor!

Com direito a ilha paradisíaca,
forró grudadinho,
cantoria na praia,
rodopios na areia,
formigas na trilha.

Temos uma família.
E não é uma família qualquer,
somos quatro,
querendo ser cinco,
e quem sabe chegaremos a seis.

Leona veio primeiro.
Encheu nossa vida de latidinhos e mordidinhas.
Faz festa quando chegamos.
Ensina-nos o que é amar incondicionalmente.

Júlia veio depois.
Enche-nos de beijinhos, de abraços e de chameguinhos.
Trouxe uma alegria indescritível.
Não sabíamos que existia tanto amor nos nossos corações!

Temos uma rotina.
E não é uma rotina qualquer.
É a vontade de estarmos juntos todos os dias.
E é esta vontade que nos move a enfrentar o cotidiano.


9+541454(Júlia me ajudando a escrever)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Burocracia

Segunda-feira acordei com um piriri gangorra, daqueles de tornar qualquer plebeu um membro da mais alta nobreza.
Terça-feira sob o efeito dos malditos remédios para conter vómitos (nossa o acento é agudo?) não consegui acordar para trabalhar.
Assim que saí do meu sono de Cinderela e consegui, minimamente, me recompor, fui até minha escola para levar o atestado médico, que só me dava direito a um dia de "folga".
No entanto descobri que minha saúde anda mais fragilizada do que imaginava: nos últimos doze meses tirei as 2 licenças de 1 dia que me cabiam.
Conclusão: deverei me ausentar da escola na sexta-feira (dia do passeio com os alunos do 8º ano) para que o médico da perícia comprove se minha caganeira foi verdadeira ou se foi só uma embromação para eu não ir trabalhar.
E o Estado acredita que eu me tornarei uma profissional mais dedicada...

Diálogo:
- Você tem que trazer o atestado no mesmo dia para marcar a perícia.
- Como?????

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Casamento...

Sítio.
Buffet.
Padrinhos.
Toalhas.
Flores.
Buffet de novo (um mais barato).
Lista de convidados.
Não vai dar pra chamar todo mundo!
Fotos.
Frutas.
Convite.
Doces.
Prima que orienta.
Vestido.
Aumentar a lista de convidados.
Amiga que ajuda daqui.
Lembrancinhas.
Amiga que ajuda dali.
Bolo.
Padre.
Padre que não atende o telefone.
Mapa do sítio.
Será que vai dar tempo?
Vai dar certo?
A comida vai faltar?
Entregar os convites.
11 de setembro.
Não perca!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

p. leminski

As três experiências - Clarice Lispector

Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou a minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos. "O amar os outros" é tão vasto que inclui até o perdão para mim mesma com o que sobra. As três coisas são tão importantes que minha vida é curta para tanto. Tenho que me apressar, o tempo urge. Não posso perder um minuto do tempo que faz minha vida . Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca.

E nasci para escrever. A palavra é meu domínio sobre o mundo. Eu tive desde a infância várias vocações que me chamavam ardentemente. Uma das vocações era escrever. E não sei por que, foi esta que eu segui. Talvez porque para outras vocações eu precisaria de um longo aprendizado, enquanto que para escrever o aprendizado é a própria vida se vivendo em nós e ao redor de nós. É que não sei estudar. E, para escrever, o único estudo é mesmo escrever. Adestrei-me desde os sete anos de idade para que um dia eu tivesse a língua em meu poder. E no entanto cada vez que eu vou escrever, é como se fosse a primeira vez. Cada livro meu é uma estréia penosa e feliz. Essa capacidade de me renovar toda à medida que o tempo passa é o que eu chamo de viver e escrever.

Quanto aos meus filhos, o nascimento deles não foi casual. Eu quis ser mãe. Meus dois filhos foram gerados voluntariamente. Os dois meninos estão aqui, ao meu lado. Eu me orgulho deles, eu me renovo neles, eu acompanho seus sofrimentos e angústias, eu lhes dou o que é possível dar. Se eu não fosse mãe, seria sozinha no mundo. Mas tenho uma descendência, e para eles no futuro eu preparo meu nome dia a dia. Sei que um dia abrirão as asas para o vôo necessário, e eu ficarei sozinha: É fatal, porque a gente não cria os filhos para a gente, nós os criamos para eles mesmos. Quando eu ficar sozinha, estarei seguindo o destino de todas as mulheres.

Sempre me restará amar. Escrever é alguma coisa extremamente forte mas que pode me trair e me abandonar: posso um dia sentir que já escrevi o que é meu lote neste mundo e que eu devo aprender também a parar. Em escrever eu não tenho nenhuma garantia. Ao passo que amar eu posso até a hora de morrer. Amar não acaba. É como se o mundo estivesse a minha espera. E eu vou ao encontro do que me espera.

Clarice Lispector

Voltando

Derrepente me vi assim, sem saber o que escrever...
Não conseguia articular uma só frase com concordância.
As palavras já não faziam mais sentido.

Resolvi tentar novamente.
Exercitar.
Repensar algumas coisas.

Para mim.
Para alguém,
ou para ninguém.

Nome do blog.

http://cidadeaderiva.blogspot.com/2009/08/clariciando.html

terça-feira, 27 de julho de 2010

Saber

Sempre desconfiei daqueles que sabem de tudo e falam demais.
Me peguei assim.
Desconfiada de mim.

Frase da Semana

Quem dá as costas para um louco acaba levando uma facada!!!

sexta-feira, 30 de abril de 2010